Veja algumas imagens de carretas utilizadas no município de Panambi (RS).
REPÚBLICA DAS CARRETAS: Contextualizações
Cléa Hempe – Presidente da ARPA Fiúza
Na história do
nosso País, o carro de boi aparece no Brasil Colônia, Império, na República, na
Era Vargas e no Estado Novo.
Pode apresentar variações de
“modelos” e nomes: carro, carroça e/ ou carreta, como no Rio Grande do Sul,
porém, nenhuma cidade, vila, povoação, fazenda, sítio, do litoral ao sertão
ignora a existência deste rústico e primitivo meio de transporte, que ajudou a
fazer a história do Brasil.
"Carroça [do italiano, carrozza]; [Antigamente]
Coche suntuoso. Carro grosseiro, ordinariamente de tração animal, para
transportar cargas (BUARQUE, 2010). Carroça; é um nome
dado vulgarmente a qualquer veículo de artilharia e também ao reboque.
A carreta é um carro ligeiro. O termo
carreto surgiu quando
o
transporte de bens no século XVIII era feito por carretas puxadas por bois e
depois já no século XIX quando todo o transporte urbano era feito por carroções
puxados por mulas ou cavalos. Carreto é atribuído ao transporte de bens dentro
do perímetro urbano das cidades independente do tipo ou tamanho do veículo
transportador.
Dá-se
o nome de frete quando o transporte de bens em geral é feito por via rodoviária,
lacustre ou aérea transpondo ou excedendo os limites geográficos do município,
estado ou país (DICIONÁRIO ONLINE,2016).
Na época da Revolução Farroupilha, no ano de
1836 Piratini foi ocupada pelos farrapos, e declarada a capital da República
Rio-grandense e Bento Gonçalves foi escolhido presidente. Circulava em todos os
rincões do Rio Grande de São Pedro muitas carroças e/ou carretas e charretes
puxadas por tração animal.
A
República é uma forma de governo, na qual o chefe do Estado é eleito pelo povo
ou seus representantes, tendo a sua chefia uma duração limitada. Então
justifica-se a escolha do tema “ República das Carretas”.
O Historiador gabrielense Osório
Santana Figueiredo diz que a carreta de boi (touro castrado e adestrado desde
pequeno, quando terneiro) é citada em tempos de guerra e na paz. E assim relata
o historiador:
Valentes
serviçais, foram trem de carga e casa de família, farmácia de remédios e paiol
de munições, loja de bugigangas e carro funerário, quartel general e bolicho,
presídio e prefeitura, capela e prostíbulo. Durante a guerra dos Farrapos, até
mesmo a imagem do poeta Edilberto Teixeira destaca, 'caravelas de zinco', teve
sua hora de verdade. Quando Garibaldi quis transportar dois lanchões da Lagoa
dos Patos para a Lagoa do Rio Tramandaí, valeu-se de duas carretas de boi
puxadas cada uma por 48 juntas de boi.
Com as carretas, produtores rurais
realizavam viagens para comercializar produtos do campo (couros, peles,
charque, milho, feijão, abóbora, erva-mate, entre outros produtos), e
transportar de volta as aquisições feitas na cidade. Era o momento de compra e
venda de quem morava no interior.
Carroça
quatro rodas. Fonte: Serra Post, 1949- MAHP, 2016.
Existiam diferentes modelos de carretas, porém
ambas eram utilizadas para transportar carga com mercadorias e pessoas, se
necessário fosse. Nas imagens que seguem nota-se comboios de carretas puxadas por
tração animal.
Comboio de carretas
puxadas por bois
Carreta
de duas rodas puxada por apenas um cavalo.
Na imagem nota-se uma carreta de duas
rodas puxada por bois transportando várias pessoas.
Carreta de duas rodas
As carretas não foram utilizadas apenas para transporte de produtos oriundos da
atividade pecuária e agrícola, serviu também de transporte de munições em
guerras, contrabandos, transporte de produtos entre portos e cidades do
interior.
Na imagem a seguir nota-se oficiais
em um automóvel e de um lado segue juntos um comboio de carroças e no
outro lado, soldados a pé vistos ao longo da estrada.
Carroças em comboio carregando munição
Carreta
abandonada, soldados e cavalos foram mortos
As
carretas também serviram de carros fúnebres.
Carro fúnebre
Carro Fúnebre
CARRETAS: ALGUMAS DENOMINAÇÕES CONFORME O PAÍS
“Boeiro” em
Portugal, “carreta” nos pampas gaúchos e “cambona” em algumas regiões do
interior do Brasil. O carro de boi já era conhecido dos chineses e hindus.
Também os egípcios, babilônios, hebreus e fenícios utilizavam o transporte “via
bois”. Mais tarde, os europeus, quando se lançaram à colonização da África e da América, fizeram do
boi um item indispensável da carga das caravelas.
OS ÚLTIMOS CARREITEIROS
No Século XIX e princípios do século
XX, os historiadores descrevem o pampa gaúcho como um autêntico formigueiro de
carretas de boi. Em 1875, com a inauguração do novo porto em Pelotas, passaram
pela ponte Santa Bárbara 6.574 carretas. Em 1907 a intendência de Bagé
registrava 366 carretas lotadas na comarca. Havia, nas cidades nascentes, além
de uma praça própria para descarga de produtos, toda uma política da carreta,
com taxas, código de posturas, ruas e horários bem definidos.
Na imagem que segue, datada da
metade do século XX, mostra Guia de Pagamento de Imposto e o certificado de registro de veículo a tração
animal.
Certificado de Registro