quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Elaboração de Pesquisa com o Tema República das Carretas

Veja algumas imagens de carretas utilizadas no município de Panambi (RS).


 REPÚBLICA DAS CARRETAS: Contextualizações

  Cléa Hempe – Presidente da ARPA Fiúza

Na história do nosso País, o carro de boi aparece no Brasil Colônia, Império, na República, na Era Vargas e no Estado Novo.
Pode apresentar variações de “modelos” e nomes: carro, carroça e/ ou carreta, como no Rio Grande do Sul, porém, nenhuma cidade, vila, povoação, fazenda, sítio, do litoral ao sertão ignora a existência deste rústico e primitivo meio de transporte, que ajudou a fazer a história do Brasil.
"Carroça [do italiano, carrozza]; [Antigamente] Coche suntuoso. Carro grosseiro, ordinariamente de tração animal, para transportar cargas (BUARQUE, 2010).       Carroça; é um nome dado vulgarmente a qualquer veículo de artilharia e também ao reboque.
 A carreta é um carro ligeiro. O termo carreto surgiu quando o transporte de bens no século XVIII era feito por carretas puxadas por bois e depois já no século XIX quando todo o transporte urbano era feito por carroções puxados por mulas ou cavalos. Carreto é atribuído ao transporte de bens dentro do perímetro urbano das cidades independente do tipo ou tamanho do veículo transportador.
Dá-se o nome de frete quando o transporte de bens em geral é feito por via rodoviária, lacustre ou aérea transpondo ou excedendo os limites geográficos do município, estado ou país (DICIONÁRIO ONLINE,2016).
Na época da Revolução Farroupilha, no ano de 1836 Piratini foi ocupada pelos farrapos, e declarada a capital da República Rio-grandense e Bento Gonçalves foi escolhido presidente. Circulava em todos os rincões do Rio Grande de São Pedro muitas carroças e/ou carretas e charretes puxadas por tração animal. 
A República é uma forma de governo, na qual o chefe do Estado é eleito pelo povo ou seus representantes, tendo a sua chefia uma duração limitada. Então justifica-se a escolha do tema “ República das Carretas”.
O Historiador gabrielense Osório Santana Figueiredo diz que a carreta de boi (touro castrado e adestrado desde pequeno, quando terneiro) é citada em tempos de guerra e na paz. E assim relata o historiador:

Valentes serviçais, foram trem de carga e casa de família, farmácia de remédios e paiol de munições, loja de bugigangas e carro funerário, quartel general e bolicho, presídio e prefeitura, capela e prostíbulo. Durante a guerra dos Farrapos, até mesmo a imagem do poeta Edilberto Teixeira destaca, 'caravelas de zinco', teve sua hora de verdade. Quando Garibaldi quis transportar dois lanchões da Lagoa dos Patos para a Lagoa do Rio Tramandaí, valeu-se de duas carretas de boi puxadas cada uma por 48 juntas de boi.

Com as carretas, produtores rurais realizavam viagens para comercializar produtos do campo (couros, peles, charque, milho, feijão, abóbora, erva-mate, entre outros produtos), e transportar de volta as aquisições feitas na cidade. Era o momento de compra e venda de quem morava no interior.

           Carroça quatro rodas. Fonte: Serra Post, 1949- MAHP, 2016.



 Existiam diferentes modelos de carretas, porém ambas eram utilizadas para transportar carga com mercadorias e pessoas, se necessário fosse. Nas imagens que seguem nota-se comboios de carretas puxadas por tração animal.



Comboio de carretas puxadas por bois



Carreta de duas rodas puxada por apenas um cavalo.

Na imagem nota-se uma carreta de duas rodas puxada por bois transportando várias pessoas.


 Carreta de duas rodas


               As carretas não foram utilizadas apenas para transporte de produtos oriundos da atividade pecuária e agrícola, serviu também de transporte de munições em guerras, contrabandos, transporte de produtos entre portos e cidades do interior.
Na imagem a seguir nota-se oficiais em um automóvel e de um lado segue juntos um comboio de carroças e no outro lado, soldados a pé vistos ao longo da estrada.

                                  Carroças em comboio carregando munição


Carreta abandonada, soldados e cavalos foram mortos


As carretas também serviram de carros fúnebres.
           Carro fúnebre

Carro Fúnebre


 CARRETAS: ALGUMAS DENOMINAÇÕES CONFORME O PAÍS


“Boeiro” em Portugal, “carreta” nos pampas gaúchos e “cambona” em algumas regiões do interior do Brasil. O carro de boi já era conhecido dos chineses e hindus. Também os egípcios, babilônios, hebreus e fenícios utilizavam o transporte “via bois”. Mais tarde, os europeus, quando se lançaram à colonização da África e da América, fizeram do boi um item indispensável da carga das caravelas.


OS ÚLTIMOS CARREITEIROS

No Século XIX e princípios do século XX, os historiadores descrevem o pampa gaúcho como um autêntico formigueiro de carretas de boi. Em 1875, com a inauguração do novo porto em Pelotas, passaram pela ponte Santa Bárbara 6.574 carretas. Em 1907 a intendência de Bagé registrava 366 carretas lotadas na comarca. Havia, nas cidades nascentes, além de uma praça própria para descarga de produtos, toda uma política da carreta, com taxas, código de posturas, ruas e horários bem definidos.
Na imagem que segue, datada da metade do século XX, mostra Guia de Pagamento de Imposto e o certificado de registro de veículo a tração animal.



Certificado de Registro


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