quarta-feira, 14 de setembro de 2016

O arroz carreteiro faz parte da história do Rio Grande do Sul.

   

 Os carreteiros antigos foram os inventores do "arroz de carreteiro", mais conhecido no Rio Grande do Sul como "carreteiro", feito do charque – carne seca e salgada. (http://pracadascarretas.blogspot.com.br/2011/12/antigos-carreteiros.html).
A receita surgiu quando mercadores ambulantes atravessavam a região em carretas puxadas por bois. O carreteiro valia-se muito da carne de sol em seu cardápio, que no Sul do país é conhecida como charque, pois, além de abundante na época, ela se mantinha conservada durante os muitos dias das viagens. 
As carreteadas pelos pampas gaúchos abriram caminhos pelas matarias e descampados e foram o meio mais eficiente de povoação da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul -  que com a proclamação da República brasileira em 15 de novembro de 1889 veio a se tornar o atual estado do Rio Grande do Sul. 
O arroz carreteiro nasceu da necessidade. Os carreteiros que atravessavam o sul do Brasil precisavam de alimentação prática, fácil de elaborar e bastante nutritiva para repor a energia. Para isso, cozinhavam em panela de ferro uma mistura de charque picada (guisado) com arroz. Por ser uma receita absolutamente deliciosa, caiu no gosto popular e se transformou em um ícone da culinária regional. 

Hoje o arroz carreteiro é um produto tipicamente brasileiro e é apreciado em todo o país.


Pegada Ecológica   Calcule sua pegada ecológica

Todos nós precisamos utilizar um meio de transporte bem como alimentarmos para enfrentar o trabalho... Sugiro realizar a leitura do texto pegada ecológica e após refletir sobre o tempo em que utilizava-se as carretas como meio de transporte e a alimentação era mais saudável...

Repúblicas das Carretas - Panambi (RS)

No município de Panambi (RS), no ano de 1955 consta que existiam 110 veículos a força animal para realizar o transporte de passageiros. Destes 60 carros eram de duas rodas e 50 de quatro rodas.


                    Jardineira de duas rodas, foto 9.013 –
                         Fonte MAHP/Panambi (RS).

                       Carreta com duas rodas
                        Fonte: Foto 9.026 – MAHP/Panambi (RS).

                   Carroça de quatro rodas, de frete puxado por cinco cavalos
                   Fonte: Foto 9.027 - MAHP/Panambi (RS)


Também no município de Panambi (RS), no ano de 1955 para transporte de cargas tinha 70 carroças de duas rodas e 800 carroças de quatro rodas e 30 outros. (ENCICLOPÉDIA DOS MUNICIPIOS BRASILEIROS, 1955, MAHP).



          Carreta de duas rodas utilizada para transporte de pessoas e/ ou cargas.
         Fonte: Foto 9.014 – MAHP/Panambi (RS).


             Carreta com quatro rodas sendo puxada por duas juntas de bois
             Fonte: Foto 9.002 – MAHP/Panambi (RS).


               Carroça e ou carreta com duas rodas
                  Fonte: Foto 3.064 - MAHP/Panambi (RS).


                                          Carroça de quatro rodas do Sr. Löffelhard.
                                           Fonte Foto: 3.018 -  MAHP/Panambi (RS).


           Senhor Löffelhard efetuava o transporte de mercadorias e mudanças de Cruz Alta, Belizário à Panambi.

               Foto 1.030 - Colheita da erva mate, década de 1910.
                 Fonte: MAHP – Panambi (RS).


                              Carroças de quatro rodas onde as dianteiras são menores.
                              Foto 3.065 - MAHP/ Panambi (RS).



                   Carroça puxada por bois
                  Foto 3.082 - Carroça puxada por junta de boi, acervo do MAHP.


            Carretas puxando arroz 
            Fonte: Foto 3.083 - Colheita do arroz, 1969- MAHP/Panambi (RS).


             Carroça duas mulas, rua Gaspar Martins, 1930.
             Fonte: Foto 9.012 –MAHP/Panambi (RS).

Visitantes estrangeiros admiravam-se de ver comboios de dez, doze carretas recortando a monotonia do pampa, carregadas de todo tipo de mercadoria. De carreteiros mais bem-sucedidos surgiram as famílias dos maiores fazendeiros gaúchos. Dizia-se que um moço com uma carreta e quatro juntas de bois já podia casar (ICARO, 1997).



Elaboração de Pesquisa com o Tema República das Carretas

Veja algumas imagens de carretas utilizadas no município de Panambi (RS).


 REPÚBLICA DAS CARRETAS: Contextualizações

  Cléa Hempe – Presidente da ARPA Fiúza

Na história do nosso País, o carro de boi aparece no Brasil Colônia, Império, na República, na Era Vargas e no Estado Novo.
Pode apresentar variações de “modelos” e nomes: carro, carroça e/ ou carreta, como no Rio Grande do Sul, porém, nenhuma cidade, vila, povoação, fazenda, sítio, do litoral ao sertão ignora a existência deste rústico e primitivo meio de transporte, que ajudou a fazer a história do Brasil.
"Carroça [do italiano, carrozza]; [Antigamente] Coche suntuoso. Carro grosseiro, ordinariamente de tração animal, para transportar cargas (BUARQUE, 2010).       Carroça; é um nome dado vulgarmente a qualquer veículo de artilharia e também ao reboque.
 A carreta é um carro ligeiro. O termo carreto surgiu quando o transporte de bens no século XVIII era feito por carretas puxadas por bois e depois já no século XIX quando todo o transporte urbano era feito por carroções puxados por mulas ou cavalos. Carreto é atribuído ao transporte de bens dentro do perímetro urbano das cidades independente do tipo ou tamanho do veículo transportador.
Dá-se o nome de frete quando o transporte de bens em geral é feito por via rodoviária, lacustre ou aérea transpondo ou excedendo os limites geográficos do município, estado ou país (DICIONÁRIO ONLINE,2016).
Na época da Revolução Farroupilha, no ano de 1836 Piratini foi ocupada pelos farrapos, e declarada a capital da República Rio-grandense e Bento Gonçalves foi escolhido presidente. Circulava em todos os rincões do Rio Grande de São Pedro muitas carroças e/ou carretas e charretes puxadas por tração animal. 
A República é uma forma de governo, na qual o chefe do Estado é eleito pelo povo ou seus representantes, tendo a sua chefia uma duração limitada. Então justifica-se a escolha do tema “ República das Carretas”.
O Historiador gabrielense Osório Santana Figueiredo diz que a carreta de boi (touro castrado e adestrado desde pequeno, quando terneiro) é citada em tempos de guerra e na paz. E assim relata o historiador:

Valentes serviçais, foram trem de carga e casa de família, farmácia de remédios e paiol de munições, loja de bugigangas e carro funerário, quartel general e bolicho, presídio e prefeitura, capela e prostíbulo. Durante a guerra dos Farrapos, até mesmo a imagem do poeta Edilberto Teixeira destaca, 'caravelas de zinco', teve sua hora de verdade. Quando Garibaldi quis transportar dois lanchões da Lagoa dos Patos para a Lagoa do Rio Tramandaí, valeu-se de duas carretas de boi puxadas cada uma por 48 juntas de boi.

Com as carretas, produtores rurais realizavam viagens para comercializar produtos do campo (couros, peles, charque, milho, feijão, abóbora, erva-mate, entre outros produtos), e transportar de volta as aquisições feitas na cidade. Era o momento de compra e venda de quem morava no interior.

           Carroça quatro rodas. Fonte: Serra Post, 1949- MAHP, 2016.



 Existiam diferentes modelos de carretas, porém ambas eram utilizadas para transportar carga com mercadorias e pessoas, se necessário fosse. Nas imagens que seguem nota-se comboios de carretas puxadas por tração animal.



Comboio de carretas puxadas por bois



Carreta de duas rodas puxada por apenas um cavalo.

Na imagem nota-se uma carreta de duas rodas puxada por bois transportando várias pessoas.


 Carreta de duas rodas


               As carretas não foram utilizadas apenas para transporte de produtos oriundos da atividade pecuária e agrícola, serviu também de transporte de munições em guerras, contrabandos, transporte de produtos entre portos e cidades do interior.
Na imagem a seguir nota-se oficiais em um automóvel e de um lado segue juntos um comboio de carroças e no outro lado, soldados a pé vistos ao longo da estrada.

                                  Carroças em comboio carregando munição


Carreta abandonada, soldados e cavalos foram mortos


As carretas também serviram de carros fúnebres.
           Carro fúnebre

Carro Fúnebre


 CARRETAS: ALGUMAS DENOMINAÇÕES CONFORME O PAÍS


“Boeiro” em Portugal, “carreta” nos pampas gaúchos e “cambona” em algumas regiões do interior do Brasil. O carro de boi já era conhecido dos chineses e hindus. Também os egípcios, babilônios, hebreus e fenícios utilizavam o transporte “via bois”. Mais tarde, os europeus, quando se lançaram à colonização da África e da América, fizeram do boi um item indispensável da carga das caravelas.


OS ÚLTIMOS CARREITEIROS

No Século XIX e princípios do século XX, os historiadores descrevem o pampa gaúcho como um autêntico formigueiro de carretas de boi. Em 1875, com a inauguração do novo porto em Pelotas, passaram pela ponte Santa Bárbara 6.574 carretas. Em 1907 a intendência de Bagé registrava 366 carretas lotadas na comarca. Havia, nas cidades nascentes, além de uma praça própria para descarga de produtos, toda uma política da carreta, com taxas, código de posturas, ruas e horários bem definidos.
Na imagem que segue, datada da metade do século XX, mostra Guia de Pagamento de Imposto e o certificado de registro de veículo a tração animal.



Certificado de Registro